Vemos, nos dias de hoje, uma busca cada vez mais prematura na profissionalização de crianças dentro do esporte. Sim, crianças que ainda estão em idade de desenvolvimento cognitivo e emocional, além de físico é claro. Isso é devido, muitas vezes, a necessidade da família de buscar seu sustento através do talento esportivo do jovem. Voltando no tempo isso não era diferente em décadas passadas, só não tão recorrente.
Isso traz junto uma grande reflexão, pois assim como muitos acabam se profissionalizando e tendo retorno financeiro que sustentará toda uma ou mais gerações de sua família, outros investem toda a sua infância, juventude e parte da vida adulta sem ter esse retorno.
Obviamente isso é normal, pois uma parcela muito pequena obtém sucesso nessa busca. O sucesso vem através de vários fatores agregados. Muitas famílias buscam o caminho certo para esse êxito, por sorte ou por conhecimento. Algumas vezes também por terem pessoas certas ao seu lado que lhe auxiliam nesse rumo ao estrelato esportivo.
Muitas vidas dependem desse sucesso, não somente o atleta e a família direta, mas assessorias de todas as áreas também ganhariam com esse êxito. Com certeza nem todos os esportes geram tanta renda capaz de sustentar posições laborais a tantas pessoas.
Mas fora toda a parte financeira envolvida, onde está a realização pessoal? Ela foi esquecida e enterrada no sonho financeiro, no retorno material. Antes os atletas tinham o sonho de estar representando seu clube do coração e quando isso não era possível praticar o seu esporte profissionalmente em outro clube que lhe proporcionasse isso.
Hoje em dia o sonho é de adquirir coisas, ter, ter, ter...
Não que isso seja errado, mas a pergunta é: Será que é sano exigir isso de uma criança ou jovem em desenvolvimento?
Não darei opinião, pois acho que a resposta pode ser sim ou não, desde que tanto a criança ou jovem como a família estejam preparadas para trilhar esse caminho, isso pode ser feito de forma sadia e ter uma maior chance de se concretizar positivamente, assim como o despreparo pode levar a ruína de toda a base familiar.
Assim sendo, tenhamos cuidado no grau de exigência sem o devido conhecimento e planejamento em toda a situação criada desde as idades mais prematuras, pois nesse caso o esporte não é saúde e está longe de ser reconhecido como um prazer para quem o está praticando.
Marcelo Gigoski é Coach, Técnico de Futebol 7 e Gestor Esportivo
Base familiar é tudo ❤